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    Em oferta: Como aprendi a pensar: Os filósofos que me formaram por Luiz Felipe Pondé



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    Como aprendi a pensar? por Luiz Felipe Pondé, um dos filósofos mais respeitados e populares da atualidade. Nesse livro, Pondé aborda a filosofia de uma forma diferente, partindo de sua própria história e mesclando referências de diversos campos, como romancistas, cientistas, economistas e psicanalistas. Além de falar dos grandes filósofos como Sócrates e Platão, ele cita autores que foram importantes na sua formação intelectual, como Nelson Rodrigues, Charles Darwin, Karl Marx, Sigmund Freud e Carl Jung. Semanalmente, Pondé compartilha seu pensamento através de artigos, aulas ou programas de televisão, nos ajudando a pensar, questionar e entender o mundo em que vivemos. A obra serve como uma introdução aos conceitos filosóficos.

    Alguns conceitos extremamente importantes serão utilizados neste resumo, por isso é crucial que os expliquemos de forma clara e simples. O ceticismo é uma corrente filosófica que nega a possibilidade de conhecimento de qualquer verdade, rejeitando dogmas ou afirmações consideradas verdadeiras sem comprovação. Criada na Grécia Antiga por Pirro de Élis, esta filosofia defende uma postura de questionamento constante. O nilismo, por sua vez, é uma doutrina filosófica que indica pessimismo e ceticismo extremos perante qualquer situação ou realidade possível, consistindo na negação de todos os princípios religiosos, políticos e sociais. A palavra "niilismo" tem origem na palavra latina "nihil", que significa nada.

    A metafísica é uma área da filosofia que se dedica ao estudo dos princípios da realidade para além das ciências tradicionais, como física, química, biologia e psicologia. Além disso, busca explicar a essência dos seres e as razões de sua existência no mundo.

    Por outro lado, o sofismo ou sofisma é um pensamento ou retórica que visa induzir ao erro por meio de argumentos aparentemente lógicos, mas com fundamentos contraditórios e a intenção de enganar. É considerado uma mentira ou ato de má fé popularmente.

    Nesse sentido, pretendo oferecer um conjunto de informações consistentes sobre a história da filosofia, partindo do impacto que essas informações tiveram em minha vida de estudante e profissional da área.

    O período histórico filosófico da filosofia antiga foi o que mais me marcou em minha formação. Não me refiro especificamente aos seus três maiores nomes, Sócrates, Platão e Aristóteles. Como seguirei quase sempre uma ordem cronológica objetiva e não uma ordem biográfica subjetiva, iniciarei falando dos trágicos, ainda que tenha entrado em contato com eles tardiamente, seguramente depois de conhecer os demais autores gregos ou romanos.

    Do mito à tragédia e à filosofia, falarei brevemente sobre o mito. Algumas palavras agora e outras quando me ocupar da herança Hebraica no próximo capítulo. O mito é uma narrativa ficcional de autoria desconhecida que carrega forte significado simbólico para a humanidade. Dentro dessa narrativa, encontramos a origem das coisas, o sentido e o funcionamento delas e do sofrimento, os modos de salvação, a vida social e política, a vida e a morte e a vida após a morte. Enfim, todos os conjuntos de questões essenciais se apresentam em um roteiro com personagens e não necessariamente em uma estrutura filosófica.

    Neste primeiro estágio de tratamento criativo aberto, surge uma indagação voltada para a humanidade, sua história e escrita, destinada a homens e mulheres reais de carne e osso. Essa narrativa busca permitir que as pessoas assistam, discutam, chorem e se identifiquem com o que está sendo apresentado.

    A máxima de Aristóteles, escrita no século IV antes de Cristo, definia que a tragédia tinha como objetivo gerar terror e piedade em seus espectadores, a fim de levá-los a uma catarse - uma purificação pela identificação com o sofrimento dos heróis e heroínas.

     Em outras palavras, a tragédia era uma forma de reflexão mediada pela crença religiosa no mito, reinterpretada pelos dramaturgos inseridos em um tempo histórico real.

     Começar o nosso percurso com a tragédia grega é algo muito significativo, pois essa forma de arte sempre foi importante na minha vida. A tragédia é como uma casa para mim e, quanto mais eu vivo, mais percebo que os trágicos estavam corretos em muitas coisas - tanto no que há de desesperador quanto no que há de grandioso em si.

    Lutar corajosamente uma batalha sempre perdida é uma das ideias que mais me impacta na tragédia.

    A reverência é uma virtude que é considerada como a mais importante pelos verdadeiros sábios. Aqueles que não a possuem, não sabem de nada. Antes de voltar ao conceito de tragédia, é importante mencionar o contexto no qual ela surgiu: a democracia ateniense. Especialistas acreditam que essa democracia é, em parte, responsável pelo surgimento da literatura sofisticada que foi a tragédia ática, apesar de às vezes aparecerem nela indagações duras sobre a própria democracia e a lei dos homens, que podem ser objeto de dúvida, crítica e ansiedade. Antes de examinar isso com mais cuidado, é importante destacar que a prática do debate das leis e modos de conduta, comum em discussões democráticas, provavelmente influenciou o pensamento do homem culto da Atenas da época. Para entender melhor isso, basta observar como a democracia hoje produz uma infinidade de ideias, palavras, ódios, propostas e projetos que vemos por toda parte. Na filosofia, aprende-se que o que importa são as perguntas, e não necessariamente as respostas.

    Filosofar é o ato de fazer perguntas significativas que nos tornam mais inteligentes e interessantes, não necessariamente mais felizes, mesmo que sejamos meras poeiras que pensam no vazio do universo, ou talvez exatamente por isso.

    Assim, ao retirar a tragédia de sua dimensão mítica e religiosa imediata, ela se transforma em uma indagação sobre o que fazer com o fato de que somos atravessados pela contingência, Fortuna, sorte e azar. Daí a contingência ser enunciada por filósofos modernos e contemporâneos como o fundo da realidade e serem identificados como trágicos.

    Somente os minimamente maduros podem, em alguma medida, entender que nem sempre devemos conhecer ou entender tudo, porque a verdade não só nos salva, mas também pode nos aniquilar.

    A filosofia nasce de um esforço para propor explicações sobre a origem das coisas que não sejam narrativas míticas, desde a pré-socrática.

    O esforço para compreender o mundo nunca é completamente bem sucedido, e há várias razões para esse fracasso. Desde a época dos sapiens evoluídos, que viviam em um ambiente de narrativas míticas que produziam sentido para seres pré-históricos perdidos, até o nosso contemporâneo hostil, o simples fato é que as explicações racionais nunca dão plenamente conta dos fatos. Por outro lado, as questões e os mistérios que enlaçam a vida e a morte, o mundo e o universo são tantos que sempre haverá mais perguntas em aberto do que respostas satisfatórias. A filosofia pré-socrática, também conhecida como filosofia da natureza antiga, buscava os princípios naturais nas coisas do mundo ao redor, mesmo que esses princípios pareçam ingênuos hoje em dia. No entanto, eles carregavam em si a marca do esforço e da razão natural para entender de onde vinham as coisas, como a água, o fogo, o ar e o movimento incessante das coisas. Esses elementos perceptíveis pelos órgãos e presentes na natureza serviam como suporte para as tentativas de explicação do mundo, antes da virada antropológica.

    Por que os especialistas usam a expressão "virada antropológica" para os sofistas e Sócrates? A resposta é simples: diferentemente dos pré-socráticos, Sócrates e sofistas - como Protágoras, do século V a.C., e Górgia, do século V e IV a.C. - perguntavam sobre as coisas a partir do ponto de vista humano, e não a partir das coisas naturais ao seu redor. Essa virada constituiu o fundamento de grande parte da filosofia, produzindo, em sequência, a política, a ética, a filosofia da linguagem, a estética, a epistemologia, a teoria do conhecimento e a teoria da ciência, entre outras disciplinas filosóficas e científicas. Os sofistas ficaram famosos por serem inimigos de Platão e da metafísica, e por estabelecerem as bases do relativismo, tal como o consideramos hoje em dia.

    Uma das maiores frases já proferidas no mundo foi dita por Protágoras: "o homem é a medida de todas as coisas". Essa afirmação implica que, assim como se as vacas tivessem deuses, seus deuses teriam caras de vacas, uma vez que somos nós, seres humanos, que temos deuses e, por consequência, eles têm a nossa cara. Essa ideia também sugere que os valores e concepções sobre a realidade dependem das pessoas que os têm ou da cultura que os produz. Na Grécia, a postura sofista foi criticada por Sócrates, que buscava desesperadamente responder a essa ameaça. O diálogo de Platão Teeteto, nome de um jovem discípulo de Protágoras, é famoso por ser um exemplo de crítica aos sofistas.

    A postura socrática é considerada o fundamento da filosofia, pois Sócrates acreditava que, quanto mais se sabe, mais se percebe que nada se sabe. Essa abordagem difere da dos sofistas, que afirmavam que não há verdade na busca filosófica. Sócrates insistia na busca da verdade e descobriu que ela é possível, mas o processo leva à constatação de que quanto mais se busca, mais se percebe que nada se sabe.

    Já em Platão, vemos a força do intelecto em um movimento de esgotamento das perguntas filosóficas possíveis. White Red, filósofo inglês do século XX, afirmou que a filosofia é uma nota de rodapé na obra de Platão, pois aprender a perguntar de forma consistente é a essência da filosofia, e Platão é o mestre absoluto nessa arte. Aristóteles também é um importante filósofo grego, mas sua abordagem difere da de Platão em muitos aspectos.

    A ética aristotélica me encantou pela profundidade de sua abordagem das virtudes. A escola das virtudes me parece a mais sólida e realista dentre todas as outras escolas éticas. Ao dizer que é a menos idealizada, me refiro ao fato de que muitas vezes idealizamos o que o homem é capaz de fazer em prol do bem, o que na verdade serve à nossa vaidade de nos vermos como alguém que é do bem.

    O período conhecido como Antiguidade Tardia abrange os primeiros séculos da era cristã, momento em que surgem a patrística e a filosofia cristã. A patrística é composta por um conjunto de filósofos e temas que criaram o cristianismo como uma doutrina filosófica coerente. O cristianismo surgiu inicialmente como uma humilde heresia entre os judeus, um povo periférico dentro do Império Romano.

    Não responderei à complexa questão de como essa heresia judaica periférica se apoderou do Império Romano. No entanto, podemos dizer que não foi essa heresia periférica que conquistou o Império Romano, mas sim o que ela se tornou quando foi adotada pela elite cultural, econômica e política do Império, que falava grego e latim. Não é por acaso que falamos em patrística grega e latina. A heresia judaica periférica se transformou em cultura clássica, filosofia e poder político. Aqui, o que importa são alguns temas e conceitos que darão consistência a esse processo até chegarmos a Santo Agostinho, o maior representante da patrística em geral, não apenas da patrística latina. A autonomia versus a heteronomia é um desses temas. Essa obra de ficção de autor desconhecido é essencial para entendermos o que significa o encontro entre Jerusalém e Atenas. É um confronto entre o conhecimento centrado na ideia da razão natural, autonomia moral, conflito com narrativas míticas, características da filosofia grega, e um conhecimento centrado na ideia de revelação sagrada das...

    Para o filósofo grego, o centro da vida é a busca pelo princípio arcaico e logos, que representa a ordem das coisas. Há uma interseção entre esses dois modos distintos de ser, que foi conflitiva e produtiva, como um "conflito feliz". A filosofia grega avança na compreensão da causa e do ser das coisas, enquanto o mundo hebraico reflete sobre a ação humana em relação à vontade divina, dando ao hebraísmo uma vocação ética essencial. Enquanto os gregos questionavam como entender o universo e os limites do conhecimento humano, os hebreus se perguntavam como agir dentro dos parâmetros do bem, que é a vontade divina e sua lei. Eles também questionavam sobre os limites da natureza humana para realizar o bem, considerando o mito da queda. Os mitos são histórias de ficção com forte significado para as culturas e pessoas que neles acreditam. Na narrativa bíblica e na posterior leitura patrística, principalmente através de Santo Agostinho, não há uma separação rígida entre a alegoria e a história, e o mito da queda representa a ruptura da harmonia entre o homem e Deus.

    A filosofia posterior foi impactada pela dramática história do casal Adão e Eva, que rompeu com Deus. Além do óbvio fato de Eva ter sido linda e gostosa, caso contrário Adão não a teria preferido a Deus, como relata o mito da queda. Essa história oferece uma matriz para pensarmos nos sofrimentos da humanidade, algo comum em mitologias religiosas em todo o mundo. A matriz sugere que os dois humanos preferiram a autonomia à heteronomia, assumindo a responsabilidade por suas vidas, mesmo que isso tenha implicado em sofrimento. Os contemporâneos do século 19 foram responsáveis por transformações significativas que deram origem ao mundo contemporâneo em que vivemos, não só no plano material, mas também no mundo das ideias. Entre esses transformadores, alguns autores, filósofos ou não, determinaram o mundo em que vivemos, bem como o que foi essencial em minha formação nesse mundo.

    Alguns deles eram naturalistas, voltados ao estudo da natureza em vez da metafísica ou teologia. Darwin, que na época era chamado assim, publicou em 1859 seu livro "A Origem das Espécies" e em 1871 "A Descendência do Homem", no qual aplicou sua tese da seleção natural. A teoria darwinista ainda hoje causa grande impacto em pessoas religiosas, e o crescimento do criacionismo é um exemplo dessa estranha batalha entre um corpo de conhecimento que tem evidências a seu favor e outro que mistura bela poesia acerca da ordem do cosmos, com uma pitada do primeiro motor de Aristóteles e do Gênesis, primeiro livro da Bíblia. Nietzsche, por sua vez, é um filósofo trágico por excelência.

    Com uma dimensão um tanto "Tim de propor" um Super-Homem que jamais existirá, Frederick Nietzsche acerta em cheio ao meu ver quando descreve o ressentimento como centro da personalidade medíocre do rebanho. O vínculo entre o ressentimento como afeto universal e as formas de religião, moral e metafísica prenuncia uma sociedade de ressentidos que as mídias sociais trouxeram à tona.

    Embora o pensamento de Freud sobre o sexo seja amplamente conhecido, algumas ideias de Sigmund Freud me levaram a afirmar que a vida sexual não é passível de uma política pública de saúde sexual, pois o sexo é o lugar onde todos falhamos em ser civilizados e felizes.

    A pulsão de morte é vista como um instinto autodestrutivo com o qual devemos tomar cuidado, já que ninguém deve ser bom demais, senão fica mais perigoso do que a maioria. Por último, mas não menos importante, a percepção de que a civilização cobra um alto preço: o mal-estar.

    Kami também se debatia com o desespero, herdeiro tanto da tradição jansenista - sem graça e sem Deus, como ele mesmo afirmava - quanto da trágica pergunta que se fazia em seu famoso ensaio "O Mito de Sísifo": por que não nos suicidamos, já que a vida é um absurdo? Assim, ele conclui, ainda na abertura do referido ensaio, que somente o suicídio é uma indagação filosófica de fato, enquanto o resto é apenas uma questão meramente técnica.

    Kami é uma descrição do absurdo, que retrata a tragédia de uma espécie mortal e solitária no universo. Nossa ânsia por dar sentido às coisas se despedaça na indiferença do mundo em relação a nós, que nada mais é do que um amontoado de pedras. Qualquer sentido que encontramos deve ser arrancado dessas pedras.

    Ao mesmo tempo, nossa condição de herdeiros Do Nada nos possibilita reconhecer que nos tornamos criadores de nossa própria vida e, como eu disse na introdução, sempre fui uma pessoa intensa. Acreditei que uma agenda intensa era a solução para um mundo moderno, que se baseia na organização estratégica da vida, mas o erro do projeto de uma vida intensa é que a intensidade só é intensidade quando nos ameaça de alguma forma. Não há intensidade no parque temático em que o mundo se transformou, mesmo que ele tenha decidido adotar a intensidade Nutella comum dos paradigmas de seu divertimento.

    A intensidade, como um vício, ilude aqueles que a buscam como salvação. Os vícios podem ser conselheiros excelentes para aqueles que pensam ter encontrado a solução para a vida. A delícia do vício é estar em seu próprio palanque. Diante do niilismo, apenas a esperança vivida no silêncio do deserto, no mais puro nada, pode significar alguma coisa. Nesse âmbito, no século 20, o filósofo Johann afirmou que parece ser tudo o que se pode dizer sobre o fracasso da agenda intensa para um mundo atolado na busca do sucesso. Tornar-se virtuoso pelo cansaço e pela falta de curiosidade não é uma ética que se alcança por um processo sistemático de busca pela sabedoria e pelo bem, mas sim pelo esgotamento da paixão pela vida. Este livro é dedicado àqueles que estão cansados.

    Nosso pensamento deve ser livre e sempre se formar sem antigos conceitos ou preconceitos. A necessidade de muitas atividades ou uma vida intensa pode gerar frustrações, pois nunca conseguiremos realizar tudo o que desejamos. A filosofia ensina a enxergar um mesmo acontecimento de diversas formas diferentes. Deus e a filosofia estão mais próximos do que imaginamos.

    Neste livro, aprendemos que a filosofia está presente em tudo e não é distante do nosso dia a dia. Ela não se restringe apenas aos intelectuais ou autores clássicos como Sócrates e Platão. Existe uma filosofia contemporânea que se encontra nas obras dos autores mais populares e próximos do nosso cotidiano.



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